Uma abordagem inovadora de reconstrução de mama após a amputação por câncer já é realidade. Trata-se da reconstrução com lipoenxertia, onde é feita a coleta de gordura por lipoaspiração, e esta é utilizada para reconstrução da mama. O mais impressionante é que, ao invés de grandes cicatrizes para a retirada de tecido - como é feito nas técnicas convencionais - nesta abordagem de reconstrução, a área doadora ganha uma melhora estética, já que o tecido é coletado por lipoaspiração.
A retirada da mama para o tratamento do câncer é um procedimento de mutilação que interfere na qualidade de vida de muitas mulheres. Ao longo dos últimos séculos, muitos tratamentos foram propostos. A maioria destes tratamentos são baseados na utilização de tecido de outras áreas do corpo - que incluem a pele, a gordura e o músculo - causando sequelas em áreas doadoras com restrição de movimentos, hérnias, deformidades e cicatrizes, além daquelas já presentes na região da mama tratada. E para piorar, muitos destes procedimentos ainda exigem uma prolongada recuperação pós-operatória, exigindo longos dias de internação, restrições e resultados estéticos pouco satisfatórios.
Uma alternativa aos tratamentos convencionais surge exatamente da lipoaspiração estética. A lipoenxertia mamária utiliza aquela gordurinha indesejada, coletada por lipoaspiração, para melhorar a qualidade da pele e preparar a área para a implantação de uma prótese de mama. Sem a colocação de gordura, a pele que sobrou da mama amputada não suportaria uma prótese e resultaria em rejeição. Entretanto, quando a gordura é enxertada antes da inclusão da prótese, ela oferece uma melhor cobertura, proporcionando adequada espessura de tecido subcutâneo entre a prótese e a pele, além melhora da elasticidade da pele, diminuindo a chance de rejeição da prótese. E o que é mais interessante, a gordura enxertada tem propriedades regenerativas, capaz de cicatrizar sequelas de radioterapia e melhorar a qualidade das cicatrizes. E não pára por aí!! As vantagens do procedimento em relação às técnicas convencionais de reconstrução: uma sessão de lipoenxertia geralmente é realizado em aproximadamente 1 hora, o paciente pode ir embora para casa no mesmo dia do procedimento e sem limitações de movimento.
Mas atenção, esta técnica necessita ser realizada em um hospital com estrutura adequada e um profissional altamente qualificado. O procedimento exige uma longa curva de aprendizado e quando realizado de forma inadequada pode levar a sérias complicações. Saiba mais sobre esta técnica aqui.
A principal desvantagem desta técnica de reconstrução quando realizada de forma adequada é em relação a quantidade de procedimentos requeridos. Pois toda a gordura necessária para a reconstrução da mama raramente pode ser enxertada de uma única vez. Isto porque, pelo fato de utilizar células vivas, necessita que toda a gordura enxertada esteja em contato com tecido vivo. Geralmente, são necessárias 2 ou 3 sessões de lipoenxertia em um intervalo de aproximadamente 3 meses antes da introdução da prótese. Mas isto não tem incomodado as mulheres que realizaram este tipo de reconstrução, tendo em vista a tranquilidade de recuperação pós-operatória de cada sessão e a qualidade estética atingida ao término do tratamento, e ainda, sem sequelas em outras áreas do corpo. E o melhor de tudo: este procedimento pode ser indicado para todos os casos de reconstrução de mama. Dos casos mais simples aos mais complexos, inclusive naqueles que já tentaram várias técnicas convencionais sem sucesso.
O Dr. Francisco Claro e a Lipoenxertia Mamária
O Dr. Francisco Claro Jr. é um dos precursores nos estudos e desenvolvimento da lipoenxertia mamária no Brasil. Iniciou seus estudos no assunto ainda em 2007, quando o procedimento era condenado pela Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS). Em 2011 defendeu sua dissertação de mestrado pela UNICAMP no assunto, sendo o material deste estudo publicado como matéria de capa de uma das mais importantes revistas científicas do mundo (o British Journal of Surgery) em 2012. Trabalho este que contribuiu com a popularização do procedimento no mundo.
Em 2015, ele defendeu a sua tese de doutorado pela UNICAMP no assunto. O material resultante destas pesquisas foram publicados nas mais importantes revistas científicas internacionais, como o Annals of Surgical Oncology, Plastic and Reconstructive Surgery (PRS), Aesthetic Surgery Journal (ASJ) entre outros. Veja aqui as publicações.
No ano de 2017, o Dr. Francisco Claro Jr., foi premiado nos Estados Unidos (confira neste post) por um tratamento inovador com lipoenxertia mamária que fora publicado na revista Plastic and Reconstructive Surgery em 2015. Desde então é uma referência mundial no assunto. Por isso é frequentemente convidado para dar aulas e conferências nos principais eventos científicos de cirurgia plástica do mundo.
Confira abaixo alguns vídeos do Dr. Francisco Claro Jr. sobre o assunto:
Um pensamento em “Ter uma Nova Mama após uma Cirurgia de Câncer não Necessita mais de Múltiplas Cicatrizes e Longos Períodos de Recuperação Pós-Operatória”